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As fotos desta página demonstram a situação pré-restauração do meu Jeep. Como pode-se observar pelas fotos (tiradas na oficina do bom amigo, Engenheiro Sérgio N. Annibal, que tem me auxiliado e incentivado bastante), apesar dos seus 56 anos, o Jeep encontra-se em bom estado. Desde que o adquiri, há 28 anos atrás, ele sempre ficou abrigado em garagem coberta, o que explica sua boa aparência geral. Há, entretanto, uma distância muito grande entre o seu aparente estado razoável e a condição de restauração que pretendo atingir. Chamam a atenção (negativamente) a capota, completamente diferente do modelo militar e a cor verde, diversa do tom original, o verde-oliva fosco do Exército.
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Algumas coisas curiosas podem ser observadas no Jeep. Embora não seja o modelo "slat-grill" (primeira série do MB, fabricado pela Willys entre 18 de novembro de 1941 e 6 de março de 1942, caracterizada por uma grade dianteira de aço parecida com uma grelha), trata-se de um "script", já que tem a inscrição WILLYS em alto relevo estampada no painel traseiro esquerdo da carroceria. Qual a explicação? Um "slat-grill" com a grade substituida? Um MB comum no qual, após alguma avaria, foi utilizado o painel traseiro de algum "slat-grill" sucateado? Qualquer dessas explicações é possivel, pois é prática comum dos exércitos promover canibalismo entre viaturas para mantê-las rodando. O que me parece mais provável é que seja um modelo intermediário entre o "slat-grill" e a série seguinte, provavelmente fabricado entre março e maio de 1942. Esse é um dos mistérios que quero esclarecer. Ainda como curiosidade: os "scripts" pararam de ser fabricados nessa época, quando o exército americano proibiu a Willys e a Ford de fazerem os MB e GPW com suas marcas estampadas, alegando que os veículos militares não deveriam ser utilizados para fazer propaganda.
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Outra peculiaridade é o latão de gasolina (jerrican) de modelo europeu, mais utilizado pelo exército inglês durante a Guerra na África e Europa e, certamente, adotado pelo Exército Brasileiro durante a Campanha da Itália, na 2ª Guerra Mundial. Curiosamente, a versão inglesa desse latão é uma cópia quase idêntica do latão de 20 litros usado pelo exército alemão na África do Norte. Dada a ausência das plaquetas de identificação e de embarque, normalmente afixadas no painel do Jeep, ainda não consegui identificar as suas numerações. Espero que, com a desmontagem de toda a carroceria e do chassis, consiga obter esses números, que poderão auxiliar a definir melhor as origens e destinos do Jeep. Consta que esteve na Itália durante o período 1944-45 da 2ª Guerra Mundial, servindo a FEB - Força Expedionária Brasileira, inclusive em combate. Com o fim da Guerra, voltou ao Brasil e foi reintegrado às atividades normais de transporte do Exército Brasileiro. Deve ser um dos poucos Jeeps no continente americano que estiveram efetivamente em combate, pois os outros dois países americanos que participaram da 2ª Guerra, Estados Unidos e Canadá, deixaram na Europa e Pacífico a grande maioria dos veículos que utilizaram, quando terminou o confronto.
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Já está sendo retificado o velho, porém valente, motor "Go Devil", # MB420235, 4 cilindros, 2.199 cm3, "L-Head", de 60 HP, com algumas improvisações que pretendo desfazer, como o impróprio carburador Solex, em lugar do correto Carter.
Atualizado em 04 de maio de 1998